domingo, 4 de setembro de 2016

AULA 5: TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS

       (AULA INCOMPLETA.)      

       Professor: Márcio Alessandro de Oliveira.
       Pré-requisito:
       Objetivos gerais:

       : Estabelecer os conceitos de tipologia e gêneros textuaisPor quê?  Porque a distinção entre tipologia e gênero facilita os estudos de Redação, que, na opinião do professor, devem seguir as diretrizes do professor Luiz A. Marcuschi, lido por Gerson Rodrigues.  Para quê?  Para que o aluno entenda que a fuga de tipologia pode causar fuga de gênero em certos casos; entendendo isso, não cairá nesse erro no Enem ou no vestibular.
       2º: Fixar a diferença entre exposição e argumentaçãoPor quê?  Porque é preciso reconhecer a argumentação como tipo textual predominante nos textos exigidos no vestibular.  Para quê?  Para que o aluno consiga fazer com que a tipologia certa prevaleça na prova de Redação do Enem e dos vestibulares. 
       Objetivos específicos:
       : Mostrar e definir as tipologias (tipos de texto ou modos de organização do discurso).
       2º: Mostrar as características dos gêneros, mencionadas no texto que será levado à lousa.  (Está dentro do primeiro objetivo geral.)
       : Mostrar que a argumentação depende fundamentalmente de uma tese.
       : Mencionar gêneros em que predomina a argumentação.  (Estão dentro do segundo objetivo geral.)

       Tipologias e gêneros textuais

       Tipologia: Também conhecida como tipo textual, é a categoria de frase que pode ou não predominar no texto (oral ou escrito) de modo a determinar a sua estrutura (ou modo de organização textual) e até a sua classificação.

       Gênero textual (gênero discursivo): É a classificação que o texto recebe.  Como são muitas as atividades humanas, e como são muitos os meios de comunicação e os meios sociais de circulação dos textos (discursos), são ilimitados os gêneros textuais.

       Observação: O bilhete e a entrevista, por exemplo, são gêneros que não deixam de ser o que são mesmo quando neles há várias tipologias.  Dificilmente um texto é organizado em apenas uma tipologia.  Além disso, é comum que um gênero se sirva de outros.  Num romance, não é difícil encontrar cartas escritas por um dos personagens.

       Características dos gêneros e fatores que os determinam:

       
       função de mediar a comunicação de acordo com as intenções (objetivos), com o contexto (situação comunicativa) e com o tipo de receptor;
       elementos da comunicação;
       função (ou funções) da linguagem;
       uso de pelo menos uma tipologia;
       número quase ilimitado;
       estrutura composicional e estilo relativamente estáveis e socialmente instituídos e reconhecidos;
       esfera discursiva (esfera de circulação e esfera de atividades).

Diante da lista acima, podemos pensar em alguns exemplos.  Uma carta pessoal tem uma estrutura historicamente mantida e socialmente reconhecida, a qual a distingue da letra de uma canção, que, por sua vez, circula numa esfera muito diferente: a artística cultural.  Tal esfera é diferente da dos textos acadêmicos, restritos a um meio de circulação mais fechado. 


Tipologias:
      
       Descrição: Surge quando alguém aponta características qualitativas, quantitativas ou psicológicas de seres ou objetos (estáticos ou dinâmicos) no tempo e no espaço.  Um exemplo de texto predominantemente descritivo é o verbete de dicionário.

       Narração: É caracterizada por ações de personagens no tempo e no espaço, por verbos no passado e, em muitos casos, por gradação.  Os textos em que aparece contêm enredo e, às vezes, conflitos.  Por isso, apresenta os seguintes elementos:
Tempo Quando?
Espaço Onde?
Personagens Quem?
Enredo Por quê?

Gêneros narrativos:
relato;
relatório;
notícia;
reportagem;
conto;
novela;
romance.



       Injunção: É um comando (conselho, pedido, ordem, etc.).  A principal característica é o verbo no imperativo.  Está presente em alguns gêneros textuais considerados instrucionais.

       Exposição: Consiste na apresentação e, em muitos casos, na explicação de um fenômeno que pode ser vinculado a outros, para informar e até convencer o leitor ou ouvinte:
       Exemplo: Existem milhões de insetos no mundo.
       No exemplo acima, o objetivo da frase é informar.  Nos exemplos abaixo, a exposição é feita em forma de tese (ou teorema) para relacionar ou interpretar fenômenos da realidade de forma aparentemente neutra, imparcial:
       Quanto maior a demanda, maior o preço.
       A toda ação corresponde uma reação de igual intensidade em sentido contrário.
       A dissertação que girar em torno de uma dessas afirmativas tenderá a ser de caráter científico ou informativo, pois prevalecerá a função referencial da linguagem.  Sem dúvida, será predominantemente expositiva, e sua esfera poderá ser a acadêmica.

Gêneros expositivos:
verbete de enciclopédia;
artigo científico;
dissertação de mestrado;
tese de doutorado;
ensaio.

       Observação: É preciso averiguar se alguns concursos podem exigir uma dissertação expositiva, embora não seja esse o caso do Enem.

       Argumentação: É o modo de estruturar um texto que gire em torno de um ponto de vista, isto é, em torno de uma tese ou opinião, o que pode ser feito preferencialmente com modalizadores discursivos e expressões valorativas, com um sujeito, um verbo de ligação e um predicativo.
       Exemplos:
       É extremamente danosa para a sociedade a publicidade de produtos de grandes empresas.
       A criminalidade urbana é um grave problema.

Gêneros textuais argumentativos:
artigo jornalístico de opinião;
editorial;
carta do leitor;
carta argumentativa;
redação de Enem;
redação de vestibular da UERJ;
resenha crítica.




       OBSERVAÇÕES

       É importante dizer que o sujeito, o verbo e o predicativo compõem a tese em torno da qual girarão os argumentos, cuja função é convencer (no plano racional) e persuadir (no plano emocional) o leitor.  Isso fará com que se destaque a função conativa (apelativa) da linguagem.  Pode-se dizer que a defesa de uma tese é como a venda de um produto.É preciso lembrar o que é um verbo de ligação e o que é um predicativo; da mesma forma, é necessário enumerar os principais verbos copulativos.
       Igualmente importante é dizer que, embora a tese com expressão valorativa caracterize a argumentação, ela não é um argumento.  Como ideia central da introdução, é a ideia principal de todo o texto, e por isso funciona como um prelúdio ou prenúncio dos argumentos, porque é esperado que se usem argumentos em sua defesa, o que faz com que os textos argumentativos apresentem a conhecida estrutura dividida em introdução, desenvolvimento e conclusão, apesar de ser possível sustentar uma opinião com uma história.  Isso, naturalmente, não é aconselhável no vestibular, porque o objetivo do vestibulando é fazer com que prevaleça no escrito a argumentação, e não a narração.
       Se a argumentação, com a estrutura linguística já apontada, aparecer num parágrafo de desenvolvimento, fará sentido que ela seja vista como argumento ou como opinião partitiva de argumento, e não como tese central.
            Existe uma diferença entre exposição e argumentação.  Esta pode ser linguisticamente caracterizada por um verbo de ligação e um predicativo que formem uma expressão valorativa, componentes da tese (opinião) a ser defendida, embora nem sempre essa estrutura linguística esteja presente na argumentação; aquela, por sua vez, expõe fenômenos ou os relaciona.  Pode fazer isso apresentando um teorema, uma tese científica, como a da oferta e da demanda.
       Dois são os fatores que determinam a predominância de uma ou outra tipologia: o tema e a esfera discursiva.  Dependendo do tema, o autor do texto mostra um engajamento ou um juízo de valor (argumentação); na esfera acadêmica, tende a explicar ou refletir sobre fenômenos (exposição).  As principais diferenças entre a exposição e a argumentação são:
       o tema — a exposição, que pode predominar em certos gêneros textuais, como o ensaio, de caráter reflexivo e não definitivo, lida com fenômenos; a argumentação, principalmente quando prevalece num artigo de opinião, lida com uma situação-problema ou qualquer outro tema que exija posicionamento;
       e a tese — na argumentação, pode ser linguisticamente estruturada com os elementos já apontados, e é de caráter mais opinativo e subjetivo, embora possa ser apresentada com linguagem impessoal; na exposição é de caráter científico ou apenas lógico.
       Um exemplo de tese engajada, reveladora de posicionamento, é a do texto Cotas nas universidades, em que a tese é a antítese de outra.  Num texto preponderantemente expositivo, o autor não se posiciona nem contra nem a favor de uma ação ou de um produto, por exemplo.  Já um texto que diga que a criminalidade urbana é um grave problema (juízo de valor) em vez de apenas dizer que é um fenômeno com determinadas causas (juízo e análise da realidade) e defenda esse ponto de vista sustenta um juízo de valor: O que para cidadãos e governos é um problema, para a indústria de armas não é.
       As semelhanças entre os textos (gêneros textuais) expositivos e argumentativos são:
       certos recursos retóricos, como dialética e refutação (esses dois recursos são mais comuns em textos argumentativos);
       e exposição de causas e consequências.
      Por fim: a exposição pode aparecer em textos literários; e não é difícil imaginar a argumentação como tipologia presente ou até mesmo predominante num texto de cunho artístico.

       Mais observações:
       1ª: As expressões “É extremamente danosa” e “é um grave problema” são valorativas, mas nem sempre uma tese apresenta expressões com estrutura semelhante.  Exemplo: As críticas que se fazem ao vestibular se sustentam [ou seja: SÃO sustentáveis], mas as que se fazem às cotas [nas universidades] não. 
       2ª: Dissertar não é necessariamente o mesmo que argumentar.
       3ª: O posicionamento pode ser identificado quando há um modalizador discursivo em forma de advérbio.  Exemplo: As favelas nos grandes centros urbanos crescem assustadoramente.
       4ª: A tese gera a seguinte pergunta: Por quê?  Cada resposta será um tópico frasal.
     
       Expostas as diferenças entre exposição e argumentação, os alunos deverão saber que é fundamental definir, estabelecer uma tese, uma opinião, que pode apresentar um verbo de ligação na terceira pessoa.  É importante dizer que a tese é o tópico frasal, o tópico de parágrafo da introdução, pois é a ideia central do introito.

       A polêmica pode ser essencial, por exemplo, nos artigos de opinião (ainda que neles não exista tanta liberdade, já que a imprensa só publica pontos de vista que não vão de encontro aos interesses dos grupos econômicos e políticos a que serve), mas no mundo dos concursos o importante é impressionar as bancas examinadoras, que não querem ler nos textos palavras agressivas.  Um comentário a ser feito é este: Não adiantará polemizar se o redator cair no desabafo ou no manifesto; não adiantará polemizar se o redator desrespeitar os direitos humanos no Enem, que, aliás, evita temas polêmicos, apesar de exigir o predomínio da tipologia conhecida como argumentação, polêmica por excelência.

       Referências bibliográficas:

       CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar.  Português: Linguagens: volume 3.  7ª edição reform.  São Paulo: Saraiva, 2010.

       FERREIRA, Marina; PELLEGRINI, Tânia.  Redação, palavra e arte.  São Paulo: Atual, 1999.

       Inep.  A redação no Enem 2013: Guia do participante.  Brasília: 2013.

       MONNERAT, Rosane; VIEGAS, Ilana Rebello.  Português I (vol. II).  (Apostila da disciplina do curso de Letras da UFF.)  1ª edição.  Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012.

       MAGALHÃES, Diógenes.  Redação com base na Linguística (e não na Gramática).  10ª edição.  Rio de Janeiro: Edições Coisa Nossa, 2008.

       RODRIGUES, Gerson (da UFRRJ).  Aula 2: Os gêneros e os modos de organização do discurso.  (Aula aproveitada na disciplina Português V do curso de Letras da modalidade EAD da UFF.)

       TEIXEIRA, Flávia A. R..  Aula 2: Gêneros Textuais.  (Aula da disciplina Língua estrangeira: inglês instrumental do curso de Letras da modalidade EAD da UFF.)  Rio de Janeiro: Fundação Cecierj (na Plataforma do Cederj), 2015.

       Referência audiovisual:

       KALIFE.  Aula 5: Texto dissertativo-argumentativo.  Aula De: https://www.youtube.com/watch?v=ij2OLilpnNM.  Vídeo visto em 4/2/2015.
   

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