(AULA INCOMPLETA.)
Professor: Márcio Alessandro de Oliveira.
Pré-requisito:
Objetivos gerais:
1º: Estabelecer os conceitos de tipologia e gêneros textuais. Por quê? Porque a distinção entre tipologia e gênero facilita os estudos de Redação, que, na opinião do professor, devem seguir as diretrizes do professor Luiz A. Marcuschi, lido por Gerson Rodrigues. Para quê? Para que o aluno entenda que a fuga de tipologia pode causar fuga de gênero em certos casos; entendendo isso, não cairá nesse erro no Enem ou no vestibular.
2º: Fixar a diferença entre exposição e argumentação. Por quê? Porque é preciso reconhecer a argumentação como tipo textual predominante nos textos exigidos no vestibular. Para quê? Para que o aluno consiga fazer com que a tipologia certa prevaleça na prova de Redação do Enem e dos vestibulares.
Objetivos específicos:
1º: Mostrar e definir as tipologias (tipos de texto ou modos de
organização do discurso).
2º: Mostrar as
características dos gêneros, mencionadas no texto que será levado à lousa. (Está dentro do primeiro objetivo geral.)
3º: Mostrar que a
argumentação depende fundamentalmente de uma tese.
4º:
Mencionar gêneros em que predomina a argumentação. (Estão dentro do segundo objetivo
geral.)
Tipologias e gêneros
textuais
Tipologia: Também conhecida como tipo textual, é a categoria de frase que pode ou não predominar no texto
(oral ou escrito) de modo a determinar a sua estrutura (ou modo de organização textual) e até a sua classificação.
Gênero textual (gênero discursivo): É a classificação que
o texto recebe. Como são muitas as
atividades humanas, e como são muitos os meios de comunicação e os meios
sociais de circulação dos textos (discursos), são ilimitados os gêneros
textuais.
Observação: O bilhete e a entrevista, por exemplo, são gêneros que não deixam de ser o que são mesmo quando neles há várias tipologias. Dificilmente um texto é organizado em apenas uma tipologia. Além disso, é comum que um gênero se sirva de outros. Num romance, não é difícil encontrar cartas escritas por um dos personagens.
Características dos gêneros e fatores que os determinam:
função de
mediar a comunicação de acordo com as intenções (objetivos), com o contexto
(situação comunicativa) e com o tipo de receptor;
elementos da
comunicação;
função (ou funções)
da linguagem;
uso de pelo menos
uma tipologia;
número quase
ilimitado;
estrutura
composicional e estilo relativamente estáveis e socialmente instituídos e
reconhecidos;
esfera discursiva
(esfera de circulação e esfera de atividades).
Diante da lista acima, podemos pensar em alguns exemplos. Uma carta pessoal tem uma estrutura historicamente mantida e socialmente reconhecida, a qual a distingue da letra de uma canção, que, por sua vez, circula numa esfera muito diferente: a artística cultural. Tal esfera é diferente da dos textos acadêmicos, restritos a um meio de circulação mais fechado.
Diante da lista acima, podemos pensar em alguns exemplos. Uma carta pessoal tem uma estrutura historicamente mantida e socialmente reconhecida, a qual a distingue da letra de uma canção, que, por sua vez, circula numa esfera muito diferente: a artística cultural. Tal esfera é diferente da dos textos acadêmicos, restritos a um meio de circulação mais fechado.
Tipologias:
Descrição: Surge quando alguém aponta características qualitativas, quantitativas
ou psicológicas de seres ou objetos (estáticos ou dinâmicos) no tempo e no espaço. Um exemplo de texto
predominantemente descritivo é o verbete de dicionário.
Narração: É caracterizada por ações de personagens no tempo e no
espaço, por verbos no passado e, em muitos casos, por gradação. Os textos em que aparece contêm enredo e, às
vezes, conflitos. Por isso, apresenta os
seguintes elementos:
Tempo → Quando?
Espaço → Onde?
Personagens → Quem?
Enredo → Por quê?
Gêneros narrativos:
relato;
relatório;
notícia;
reportagem;
conto;
novela;
romance.
Injunção: É um comando (conselho, pedido, ordem, etc.). A principal característica é o verbo no
imperativo. Está presente em alguns
gêneros textuais considerados instrucionais.
Exposição: Consiste na apresentação e, em muitos casos, na explicação
de um fenômeno que pode ser vinculado a outros, para informar e até convencer o
leitor ou ouvinte:
Exemplo: Existem milhões de insetos
no mundo.
No exemplo
acima, o objetivo da frase é informar.
Nos exemplos abaixo, a exposição é feita em forma de tese (ou teorema)
para relacionar ou interpretar fenômenos da realidade de forma aparentemente
neutra, imparcial:
Quanto maior a demanda, maior o preço.
A toda ação corresponde uma reação de
igual intensidade em sentido contrário.
A dissertação
que girar em torno de uma dessas afirmativas tenderá a ser de caráter
científico ou informativo, pois prevalecerá a função referencial da
linguagem. Sem dúvida, será
predominantemente expositiva, e sua esfera poderá ser a acadêmica.
Gêneros expositivos:
verbete de enciclopédia;
artigo científico;
dissertação de mestrado;
tese de doutorado;
ensaio.
Observação: É preciso averiguar se alguns concursos
podem exigir uma dissertação expositiva, embora não seja esse o caso do Enem.
Argumentação: É o modo de estruturar
um texto que gire em torno de um ponto de vista, isto é, em torno de uma tese
ou opinião, o que pode ser feito preferencialmente com modalizadores
discursivos e expressões valorativas, com um sujeito, um verbo de ligação e um
predicativo.
Exemplos:
É extremamente danosa para a sociedade a
publicidade de produtos de grandes empresas.
A criminalidade
urbana é um grave problema.
Gêneros textuais
argumentativos:
artigo jornalístico de
opinião;
editorial;
carta do leitor;
carta argumentativa;
redação de Enem;
redação de vestibular da
UERJ;
resenha crítica.
OBSERVAÇÕES
É importante dizer que o sujeito, o verbo e o predicativo compõem a tese em torno da qual girarão os argumentos, cuja função é convencer (no plano racional) e persuadir (no plano emocional) o leitor. Isso fará com que se destaque a função conativa (apelativa) da linguagem. Pode-se dizer que a defesa de uma tese é como a venda de um produto.É preciso lembrar o que é um verbo de
ligação e o que é um predicativo; da mesma forma, é necessário enumerar os
principais verbos copulativos.
Igualmente importante é dizer que, embora a
tese com expressão valorativa caracterize a argumentação, ela não é um
argumento. Como ideia central da introdução,
é a ideia principal de todo o texto, e por isso funciona como um prelúdio ou
prenúncio dos argumentos, porque é esperado que se usem argumentos em sua
defesa, o que faz com que os textos argumentativos apresentem a conhecida
estrutura dividida em introdução, desenvolvimento e conclusão, apesar de ser
possível sustentar uma opinião com uma história. Isso, naturalmente, não é aconselhável no
vestibular, porque o objetivo do vestibulando é fazer com que prevaleça no
escrito a argumentação, e não a narração.
Se a argumentação, com a estrutura
linguística já apontada, aparecer num parágrafo de desenvolvimento, fará
sentido que ela seja vista como argumento ou como opinião partitiva de
argumento, e não como tese central.
Existe uma diferença entre
exposição e argumentação. Esta pode ser
linguisticamente caracterizada por um verbo de ligação e um predicativo que
formem uma expressão valorativa, componentes da tese (opinião) a ser defendida,
embora nem sempre essa estrutura linguística esteja presente na argumentação;
aquela, por sua vez, expõe fenômenos ou os relaciona. Pode fazer isso apresentando um teorema, uma
tese científica, como a da oferta e da demanda.
Dois são os fatores que determinam a
predominância de uma ou outra tipologia: o tema e a esfera discursiva. Dependendo do tema, o autor do texto mostra
um engajamento ou um juízo de valor (argumentação); na esfera acadêmica, tende
a explicar ou refletir sobre fenômenos (exposição). As principais diferenças entre a exposição e
a argumentação são:
o tema — a exposição, que pode
predominar em certos gêneros textuais, como o ensaio, de caráter reflexivo e
não definitivo, lida com fenômenos; a argumentação, principalmente quando
prevalece num artigo de opinião, lida com uma situação-problema ou qualquer
outro tema que exija posicionamento;
e a tese — na argumentação, pode ser
linguisticamente estruturada com os elementos já apontados, e é de caráter mais
opinativo e subjetivo, embora possa ser apresentada com linguagem impessoal; na
exposição é de caráter científico ou apenas lógico.
Um exemplo de tese engajada, reveladora
de posicionamento, é a do texto Cotas nas universidades, em que a tese é a antítese de outra. Num texto preponderantemente expositivo, o
autor não se posiciona nem contra nem a favor de uma ação ou de um produto, por
exemplo. Já um texto que diga que a
criminalidade urbana é um grave problema (juízo de valor) em vez de apenas
dizer que é um fenômeno com determinadas causas (juízo e análise da realidade)
e defenda esse ponto de vista sustenta um juízo de valor: O que para cidadãos e
governos é um problema, para a indústria de armas não é.
As semelhanças entre os textos (gêneros
textuais) expositivos e argumentativos são:
certos recursos retóricos, como
dialética e refutação (esses dois recursos são mais comuns em textos
argumentativos);
e exposição de causas e consequências.
Por fim: a exposição pode aparecer
em textos literários; e não é difícil imaginar a argumentação como tipologia
presente ou até mesmo predominante num texto de cunho artístico.
Mais observações:
1ª: As
expressões “É extremamente danosa” e “é um grave problema” são valorativas, mas
nem sempre uma tese apresenta expressões com estrutura semelhante. Exemplo: As críticas que se fazem ao
vestibular se sustentam [ou seja: SÃO
sustentáveis], mas as que se fazem às cotas [nas universidades] não.
2ª: Dissertar
não é necessariamente o mesmo que argumentar.
3ª: O
posicionamento pode ser identificado quando há um modalizador discursivo em
forma de advérbio. Exemplo: As favelas
nos grandes centros urbanos crescem assustadoramente.
4ª: A tese gera a seguinte pergunta: Por
quê? Cada resposta será um tópico
frasal.
Expostas as diferenças entre exposição e
argumentação, os alunos deverão saber que é fundamental definir, estabelecer uma tese,
uma opinião, que pode apresentar um verbo de ligação na terceira pessoa. É importante dizer que a tese é o tópico
frasal, o tópico de parágrafo da introdução, pois é a ideia central do
introito.
A polêmica pode ser essencial, por exemplo, nos
artigos de opinião (ainda que neles não exista tanta liberdade, já que a
imprensa só publica pontos de vista que não vão de encontro aos interesses dos
grupos econômicos e políticos a que serve), mas no mundo dos concursos o importante
é impressionar as bancas examinadoras, que não querem ler nos textos palavras
agressivas. Um
comentário a ser feito é este: Não adiantará polemizar se o redator cair no
desabafo ou no manifesto; não adiantará polemizar se o redator desrespeitar os
direitos humanos no Enem, que, aliás, evita temas polêmicos, apesar de exigir o
predomínio da tipologia conhecida como argumentação, polêmica por excelência.
Referências
bibliográficas:
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES,
Thereza Cochar. Português: Linguagens: volume 3.
7ª edição reform. São Paulo:
Saraiva, 2010.
FERREIRA, Marina; PELLEGRINI,
Tânia. Redação, palavra e arte. São
Paulo: Atual, 1999.
Inep.
A redação no Enem 2013: Guia do
participante. Brasília: 2013.
MONNERAT, Rosane; VIEGAS, Ilana Rebello.
Português I (vol. II). (Apostila da disciplina do curso de Letras da
UFF.) 1ª edição. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012.
MAGALHÃES, Diógenes. Redação
com base na Linguística (e não na Gramática). 10ª edição.
Rio de Janeiro: Edições Coisa Nossa, 2008.
RODRIGUES, Gerson (da UFRRJ). Aula 2:
Os gêneros e os modos de organização do discurso. (Aula aproveitada na disciplina Português V
do curso de Letras da modalidade EAD da UFF.)
TEIXEIRA, Flávia A. R.. Aula 2:
Gêneros Textuais. (Aula da
disciplina Língua estrangeira: inglês instrumental do curso de Letras da
modalidade EAD da UFF.) Rio de Janeiro:
Fundação Cecierj (na Plataforma do Cederj), 2015.
Referência audiovisual:
KALIFE.
Aula 5: Texto dissertativo-argumentativo. Aula De:
https://www.youtube.com/watch?v=ij2OLilpnNM. Vídeo visto em 4/2/2015.
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