Projeto
de ensino: curso de leitura e produção de texto para o Enem
Márcio
Alessandro de Oliveira, licenciado em Letras (Português e Literaturas) pela
Universidade Federal Fluminense, mestre em Estudos Literários pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro e professor efetivo da rede estadual de ensino do
Espírito Santo.
Sumário
1. Justificativa
...............................................................................................
p. 2
2. Objetivos ............................................................................................
p. 2
2.1 Objetivo geral ...............................................................................
p. 2
2.2 Objetivos específicos .....................................................................
p. 2
3. Ementa
..............................................................................................
p. 3
4. Metodologia .......................................................................................
p. 4
5. Referências ........................................................................................
p. 5
1. Justificativa:
O Exame Nacional do Ensino Médio se tornou o principal instrumento de
democratização para uns e massificação do ensino superior para outros, o que
prova que tem abalado o status quo. A
prova de Redação do exame se dá num contexto histórico e numa específica
situação comunicativa, situação que impõe condições próprias de produção de
texto. Este é elaborado com determinada intenção para produzir determinado
efeito num alocutário (receptor), que na interação também influencia as
condições e as intenções que presidem à elaboração do texto
dissertativo-argumentativo da prova. Significa isso que já surgiu mais um
gênero textual entre os outros, os quais são ilimitados, e os quais se servem
de tipologias (modos de organização textual). Sendo assim, cabe ao professor,
que é progressista, criar possibilidades de letramento (que não se confunde com
alfabetização) sob a luz das especificidades desse gênero textual. Essa tarefa
é fundamental para a ampliação das oportunidades de vestibulandos de escolas
públicas, que supostamente estão em desvantagem por não contarem com o mesmo
amparo oferecido por cursinhos preparatórios.
2. Objetivos:
2.1
Objetivo geral:
Pôr em prática, em caráter experimental, teorias da Linguística Textual,
tais como: a teoria do parágrafo padrão, a teoria dos gêneros textuais e a das
tipologias. Espera-se que se faça, em escala mais modesta, o que faz a Fundação
Cecierj (cujo material didático está nas referências bibliográficas) por meio
do Pré-Vestibular Social.
2.2
Objetivos específicos:
1º: reconhecer as diferenças entre a
fala e a escrita;
2º: trabalhar com a premissa de que a
escritura pressupõe a leitura atenta de textos ao longo da vida e dos comandos
do Enem (quem quer falar tem de aprender a ouvir primeiro, e quem quer escrever
tem de ter a paciência de ler para interpretar);
3º: mostrar as características dos
gêneros e seus fatores condicionantes: o contexto, a intenção e as esferas das
atividades humanas e de circulação de textos, em que cada gênero assume
estruturas relativamente estáveis e socialmente reconhecidas;
4º: explorar as especificidades da
redação do Enem nos planos teórico e prático;
5º: reconhecer os diferentes níveis de
registro;
6º: desenvolver habilidades a partir de
conteúdos e conteúdos a partir de habilidades.
3.
Ementa:
1. Linguagens, língua, signo
linguístico, Semiologia, Linguística, comunicação, gramática e discurso.
2.
Língua falada e língua escrita.
3.
A Língua Portuguesa: um pouco de sua história.
4.
Norma culta-padrão e norma culta: os registros formal e informal.
5.
Tipologias e gêneros textuais.
6.
O gênero textual que mais interessa: Redação de Enem e suas
especificidades.
7.
A interpretação do tema e o estabelecimento da tese.
8.
A tempestade cerebral e o planejamento da redação.
9.
A introdução e a tese (tópico de parágrafo do introito): estrutura da
introdução e uso de expressões valorativas e de modalizadores discursivos no
período que corresponde à tese.
10.
O parágrafo de conclusão e as características da proposta de intervenção
esperadas pela banca do Enem.
11.
O desenvolvimento da redação: como trabalhar com causas e consequências,
fatos, exemplos e induções para defender a tese.
12.
Coerência textual.
13.
Coesão textual.
14.
Clareza, simplicidade, unidade, correção, concisão e precisão.
15.
Marcas da impessoalidade e ausência de interlocução na redação do Enem.
4.
Metodologia:
O professor aplicará o
conteúdo da ementa de acordo com as especificações dos planos de aula. Cada
tópico da ementa corresponderá a pelo menos um plano.
É fundamental que se
pratiquem os movimentos retóricos do gênero textual analisado no curso. Aceita-se
a premissa de que a elaboração de textos é uma habilidade, e não um conteúdo. Assim
sendo, não faz sentido utilizar a nomenclatura da linguística textual para
falar em coesão referencial se o aluno não a reconhece (como na teoria da
reminiscência, de Platão) nem toma ciência dela em sua prática de falante ou redator.
O nome e a teoria devem ser prescindíveis quando o estudante quer gerar os
fenômenos a que eles (o nome e a teoria) se referem. A teoria será exposta, mas
será exemplificada. Pode o professor dar um exemplo para depois mostrar o nome
dele: o concreto antes do abstrato: a teoria, muitas vezes, é tirada da
prática.
A razão de ser de
certas especificidades da redação do Enem pode ser explicada por meio de
comparações: Assim como numa entrevista de emprego se evita falar em emprego,
que é diferente de trabalho, evita-se, na redação do Enem, o registro de
dizeres que possam desrespeitar alguns preceitos do gênero textual, valorizados
que são pela banca.
Portanto, a metodologia
contemplará aulas expositivas dialogadas com avaliações formativas, das quais
algumas serão debates sobre temas que podem cair na prova de Redação do Exame
Nacional do Ensino Médio. (Obviamente a realização de debates possibilita o
exercício da oratória, que é muito diferente da retórica escrita. No entanto,
esse tipo de atividade permite que os discentes notem as diferenças entre a
fala e a escrita. Também permite que o professor identifique os desvios de
tema, muito comuns em conversas espontâneas.) A produção e a leitura de textos
deverão seguir um ritmo que se coadune com o seguinte esquema:
revisão de conteúdos
anteriores;
exposição de novo
conteúdo;
explicação;
exemplificação;
atividades de fixação;
dúvidas de alunos.
5.
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