sexta-feira, 2 de setembro de 2016

CURSO DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO PARA O ENEM: AULA INAUGURAL

      
Projeto de ensino: curso de leitura e produção de texto para o Enem

Márcio Alessandro de Oliveira, licenciado em Letras (Português e Literaturas) pela Universidade Federal Fluminense, mestre em Estudos Literários pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e professor efetivo da rede estadual de ensino do Espírito Santo.



Sumário

1.      Justificativa ............................................................................................... p. 2
2.      Objetivos ............................................................................................ p. 2
2.1  Objetivo geral ............................................................................... p. 2
2.2  Objetivos específicos ..................................................................... p. 2
3.      Ementa .............................................................................................. p. 3
4.      Metodologia ....................................................................................... p. 4
5.      Referências ........................................................................................ p. 5














1.      Justificativa:      

       O Exame Nacional do Ensino Médio se tornou o principal instrumento de democratização para uns e massificação do ensino superior para outros, o que prova que tem abalado o status quo. A prova de Redação do exame se dá num contexto histórico e numa específica situação comunicativa, situação que impõe condições próprias de produção de texto. Este é elaborado com determinada intenção para produzir determinado efeito num alocutário (receptor), que na interação também influencia as condições e as intenções que presidem à elaboração do texto dissertativo-argumentativo da prova. Significa isso que já surgiu mais um gênero textual entre os outros, os quais são ilimitados, e os quais se servem de tipologias (modos de organização textual). Sendo assim, cabe ao professor, que é progressista, criar possibilidades de letramento (que não se confunde com alfabetização) sob a luz das especificidades desse gênero textual. Essa tarefa é fundamental para a ampliação das oportunidades de vestibulandos de escolas públicas, que supostamente estão em desvantagem por não contarem com o mesmo amparo oferecido por cursinhos preparatórios.

2.      Objetivos:

2.1 Objetivo geral:

         Pôr em prática, em caráter experimental, teorias da Linguística Textual, tais como: a teoria do parágrafo padrão, a teoria dos gêneros textuais e a das tipologias. Espera-se que se faça, em escala mais modesta, o que faz a Fundação Cecierj (cujo material didático está nas referências bibliográficas) por meio do Pré-Vestibular Social.

2.2 Objetivos específicos:

1º: reconhecer as diferenças entre a fala e a escrita;
2º: trabalhar com a premissa de que a escritura pressupõe a leitura atenta de textos ao longo da vida e dos comandos do Enem (quem quer falar tem de aprender a ouvir primeiro, e quem quer escrever tem de ter a paciência de ler para interpretar);
3º: mostrar as características dos gêneros e seus fatores condicionantes: o contexto, a intenção e as esferas das atividades humanas e de circulação de textos, em que cada gênero assume estruturas relativamente estáveis e socialmente reconhecidas;
4º: explorar as especificidades da redação do Enem nos planos teórico e prático;
5º: reconhecer os diferentes níveis de registro;
6º: desenvolver habilidades a partir de conteúdos e conteúdos a partir de habilidades.

3. Ementa:

1. Linguagens, língua, signo linguístico, Semiologia, Linguística, comunicação, gramática e discurso.
2.      Língua falada e língua escrita.
3.      A Língua Portuguesa: um pouco de sua história.
4.      Norma culta-padrão e norma culta: os registros formal e informal.
5.      Tipologias e gêneros textuais.
6.      O gênero textual que mais interessa: Redação de Enem e suas especificidades.
7.      A interpretação do tema e o estabelecimento da tese.
8.      A tempestade cerebral e o planejamento da redação.
9.      A introdução e a tese (tópico de parágrafo do introito): estrutura da introdução e uso de expressões valorativas e de modalizadores discursivos no período que corresponde à tese.
10.  O parágrafo de conclusão e as características da proposta de intervenção esperadas pela banca do Enem.
11.  O desenvolvimento da redação: como trabalhar com causas e consequências, fatos, exemplos e induções para defender a tese.
12.  Coerência textual.
13.  Coesão textual.
14.  Clareza, simplicidade, unidade, correção, concisão e precisão.
15.  Marcas da impessoalidade e ausência de interlocução na redação do Enem.





4. Metodologia:

O professor aplicará o conteúdo da ementa de acordo com as especificações dos planos de aula. Cada tópico da ementa corresponderá a pelo menos um plano.
É fundamental que se pratiquem os movimentos retóricos do gênero textual analisado no curso. Aceita-se a premissa de que a elaboração de textos é uma habilidade, e não um conteúdo. Assim sendo, não faz sentido utilizar a nomenclatura da linguística textual para falar em coesão referencial se o aluno não a reconhece (como na teoria da reminiscência, de Platão) nem toma ciência dela em sua prática de falante ou redator. O nome e a teoria devem ser prescindíveis quando o estudante quer gerar os fenômenos a que eles (o nome e a teoria) se referem. A teoria será exposta, mas será exemplificada. Pode o professor dar um exemplo para depois mostrar o nome dele: o concreto antes do abstrato: a teoria, muitas vezes, é tirada da prática.
A razão de ser de certas especificidades da redação do Enem pode ser explicada por meio de comparações: Assim como numa entrevista de emprego se evita falar em emprego, que é diferente de trabalho, evita-se, na redação do Enem, o registro de dizeres que possam desrespeitar alguns preceitos do gênero textual, valorizados que são pela banca.
Portanto, a metodologia contemplará aulas expositivas dialogadas com avaliações formativas, das quais algumas serão debates sobre temas que podem cair na prova de Redação do Exame Nacional do Ensino Médio. (Obviamente a realização de debates possibilita o exercício da oratória, que é muito diferente da retórica escrita. No entanto, esse tipo de atividade permite que os discentes notem as diferenças entre a fala e a escrita. Também permite que o professor identifique os desvios de tema, muito comuns em conversas espontâneas.) A produção e a leitura de textos deverão seguir um ritmo que se coadune com o seguinte esquema:

revisão de conteúdos anteriores;
exposição de novo conteúdo;
explicação;
exemplificação;
atividades de fixação;
dúvidas de alunos.

5. Referências:

ABRAÇADO, Jussara; AMORIM, Carmelita Minelio da Silva; ROCHA, Lúcia Helena Peyroton da.  Aula 1 – Nossa língua normal: por um ensino de língua portuguesa centrado no uso. In: ___. Linguística IV. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2016.

AMORIM, Monika Benttenmüller; GONÇALVES, José Carlos.  Aula 1 – Português: Nossa Língua Materna? In: Português VIII. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2016.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1986.

BAGNO, Marcos. Gramática de bolso do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.

______. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.

______. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 54. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: ___. Estética da Criação Verbal. SP: Martins Fontes, 2010.

BIAR, Liana; PINNA, Rafael; RABIN, Bruno. Pré-Vestibular Social: redação (v. 1). 4. ed. revisada. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2014.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed.  Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: Linguagens: volume 3.  7. ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2010.

CINTRA, Lindley; CUNHA, Celso. Nova Gramática do português contemporâneo.  5. ed., 7ª reimpressão. Rio de Janeiro: Lexicon, 2008.

FERREIRA, Marina; PELLEGRINI, Tânia. Redação, palavra e arte. São Paulo: Atual, 1999.

FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática. São Paulo: FTD, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 25. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2012.

FLORENTINO, Adilson et al. Fundamentos da Educação I para Licenciaturas (volumes 1 e 2). Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012.

Inep. A redação no Enem 2013: Guia do participante. Brasília: 2013 (http://portal.inep.gov.br/web/enem/sobre-o-enem).

——.  Edital do Enem de 2015 (Edital nº 6, de 15 de maio de 2015.) Brasília: 2015 (http://portal.inep.gov.br/web/enem/sobre-o-enem).

MAGALHÃES, Diógenes. Redação com base na Linguística (e não na Gramática).  10. ed. Rio de Janeiro: Edições Coisa Nossa, 2008.

MARIANI, Bethania. A leitura. In: ___ et al. Linguística V. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2016.

MEDEIROS, Vanise; SOUSA, Silvia Maria de. Linguística I (vol. 1). Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012. 

MONNERAT, Rosane; VIEGAS, Ilana Rebello. Português I (vol. II). 1. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012.

MOREIRA, Simone M. Bacellar; GONÇALVES, José Carlos.  Aula 2 – Viajando pela história de nossa língua. In: ___. Português VIII. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2016.

ORLANDI, Eni Pulcinelli. O que é Linguística. São Paulo: Editora Brasiliense, 7. ed., 1994.

___. Discurso & Leitura. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

PASSOS, Alexandre. A arte de pontuar. 3. ed. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti editores, 1953.

RODRIGUES, Gerson. Aula 2: Os gêneros e os modos de organização do discurso. In: ___ et al. Português VI. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2014.

SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. Trad. Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 20. ed. São Paulo: Cultrix, 1995.

SANTOS, Ana Lúcia Cardoso dos; GRUMBACH, Gilda Maria. Didática para Licenciatura: Subsídios para a Prática de Ensino (volume 1 e 2). Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2012.

TEIXEIRA, Flávia A. R..  Aula 2: Gêneros Textuais. In: ___. Inglês Instrumental. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2015.

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